João Paulo Bertozi Brunhara
Na pratica do Karatê, iniciamos em um aprendizado infinito de técnicas (WAZA), que com o decorrer do tempo são aperfeiçoadas através dos treinamentos e da disciplina. O Praticante de Karatê, independentemente do nível em que se encontra, busca constantemente se tornar um artista marcial completo na arte do TE.
No início do aprendizado as waza são ensinadas separadamente para depois executarmos sequencias (RENZOKU WAZA), essas Renzoku Waza irão aperfeiçoar e melhorar os reflexos e agilidade do praticante, pois os treinamentos devem alcançar todas os níveis de uma luta completa, sendo elas aplicadas a qualquer campo em que transcorra o combate; seja para defesa pessoal ou Combate propriamente dito.
O Randori, que seria Combate Livre, sem interrupções, abrange todas as waza praticadas, podendo ser Técnicas de Impacto (ATEMI WAZA), Técnicas de Projeções (NAGE WAZA) e Técnicas de luta no solo (NE WAZA), onde se busca a finalização do combate utilizando esses três principais grupos de waza, que abrangendo temos as técnicas de finalização (TODOME WAZA).
Na execução do Randori, deve-se levar em consideração as características do oponente ou amigo de treino, para definir estratégia e momento exato na execução de cada técnica. É no Randori que se coloca a prova todos os ensinamentos praticados e após o término de cada Randori, permite ao praticante fazer uma auto avaliação e saber os pontos a serem melhorados.
Após a execução do Randori, o praticante pode definir quais foram os pontos fracos que devem ser melhorados, buscando o refinamento de cada técnica nos Katas e Kihon com a orientação do Sensei.
Não apenas o conhecimento técnico ou físico deve ser levado em consideração na pratica do Randori e sim toda concentração e conhecimento adquirido até o momento. A confiança deve ser de ambos os praticantes para que possam treinar e melhorar suas técnicas, onde o sucesso de um praticante depende do outro e ambos possam se desenvolverem como karatecas.
Conceitos como autocontrole, humildade, concentração, perseverança, confiança, entre outros, devem ser mantidos durante o Randori, na busca constante do aprendizado, lembrando que cada praticante do Karate é um irmão no desenvolvimento Marcial e humano de cada um.
Dos vários aspectos que se desenvolvem no Randori, acredito que a confiança é uma das qualidades mais difíceis, mas não impossível de adquirir. Com o treinamento constante dos katas e kihons é possível aprimorar as técnicas e colocá-las em prática na época do Randori.
A confiança aumenta no praticante quando ele conhece a certeza de aplicar determinada técnica e até a certeza de não saber, pois só assim ele buscará aprender e se aprimorar. Os treinos de Hojo Undo ajudarão no fortalecimento muscular e posturas para aumentar as intensidades do Randori com lutadores de karatê mais avançados e a confiança será transferida para os de graduação menores.
O autocontrole é importante na hora do Randori, visto que o praticante precisa respeitar o parceiro de treinamento para que as técnicas possam fluir sem maiores danos, mesmo sabendo que podem ocorrer acidentes, mas isso não pode ser uma limitação por não fazer a prática. Por meio do autocontrole, permite intensificar a prática ou diminuir, iniciar ou interromper, de acordo com o interesse dos praticantes.
Concentração, sem ela não há Randori, é através da concentração que permite a execução de todas as técnicas. A concentração não está apenas nos movimentos ou golpes do oponente, mas na concentração total na hora de executar o Randori. Nesse momento, tudo ao seu redor deve parar e o foco está na atividade, na respiração, desenvolvendo técnicas para que o exercício comece e termine sem maiores prejuízos aos praticantes.
Perseverança é uma qualidade que considero essencial, pois muitos praticantes quando realizam um Randori e muitas vezes esquecem as técnicas ou mesmo não realizam uma boa execução, acabam abandonando a prática ou até mesmo não treinando devido aos maus resultados. Isso não pode acontecer, porque o objetivo principal das práticas de Randori é realmente ver em quais situações o praticante é menos hábil para posterior correção.
Somente com perseverança no treinamento e insistência, o aluno poderá se aprimorar e seguir no caminho da TE.
Ganbatte Kudasai
Parabéns João, por sua iniciação. Muito bom o artigo